De Parada Breder à Manhumirim (1944)

Voltando à Parada Breder, lembro-me de mais alguns detalhes desse lugar: as outras casas de trabalhadores, carroças de burro transitando, enfim, aquele movimento do dia-a-dia.

Conosco morava também um rapaz, chamado Armando, que brincava muito comigo, quando estava em casa. Ele trabalhava com meu pai e ficou conosco por uns dois anos. Depois, não tivemos mais notícias dele.

Quando meu pai se casou com minha mãe, era viúvo e tinha 4 filhos do primeiro casamento. O Washington com uns oito anos, Walter de uns seis, Waltuir com uns quatro e Wanda aos dois. Meu pai ficou viúvo por uns dois anos. Quando sua primeira mulher morreu, ele morava ele morava em uma cidade de sua região, Santa Elena, que atualmente se chama Caputira.
Meu avô, seu pai, morava em Abre Campo, num sítio há uns cinco quilômetros da cidade, de sua propriedade. Ele também havia enviuvado do segundo casamento, cuja esposa tinha sido assassinada. Tinha 3 filhos desse casamento, que depois ficaram com meu pai.


Quando minha mãe casou-se com meu pai, formou-se uma família de sete filhos, porque meu avô havia morrido e meu pai teve que assumir os irmãos. Desse modo minha mãe “ganhou”, de cara, “sete filhos”; E foi verdadeiramente uma mãe para eles.

Meus pais moraram nesse sítio do meu falecido avô por volta dos anos 37 ou 38. Cuidavam do sítio, pondo trabalhadores, mas meu pai trabalhava na sua profissão, como mecânico e montador de máquinas de beneficiamento de cereais, como também moinhos, usinas hidrelétricas, etc.

Como já disse, meu pai teve que assumir os três irmãos menores e foi morar no sítio, pelo qual também ficou responsável. Mas o sítio ficou para os filhos menores de meu avô. Não demorou para surgir problemas com alguns dos irmãos, principalmente meu tio Geraldo, pois pensavam que meu pai queria se apoderar de tudo. Esse tio, que morava em outra casa dentro do sítio, começou a perseguir ou perturbar meu pai, soltando suas  criações nas plantações, como cabritos e porcos, além de outras maneiras de perturbação. Esse problema com os irmãos foi piorando e ficou insuportável, principalmente com tio Geraldo.

Quando morreu meu avô, meu pai assumiu os irmãos menores, quase que obrigado pelo juiz. Diante do problema surgido com os irmãos, ele foi ao juiz, expôs toda a situação e disse que não poderia mais continuar no sítio. Então o juiz determinou que o sítio fosse vendido, o valor da venda fosse divididas em três partes iguais e depositadas em nome dos três filhos do segundo casamento do meu avô; quando fossem maiores, cada um retiraria sua parte. Efetivamente, assim aconteceu: cada um deles, quando ficaram maiores, pegou a sua parte e gastou como bem quis. Assim, acabou a herança do meu avô, cujo valor já não era grande coisa.

Vendido que foi o sítio, meus pais se mudaram de lá e foram morar em São Pedro dos Ferros, onde meu pai já estava trabalhando para o Sr. Joter Peres, na ocupação que já relatei. Foram morar na “rua das onze”, na casa em que nasci.

Meu pai trabalhava como mecânico, na manutenção de carros e máquinas e, de certa hora da tarde até à noite, por volta de 10 horas, trabalhava nas máquinas de limpeza e beneficiamento de café.

De São Pedro mudamos para a Parada Breder, como já relatei e depois
para a Vila do Ouro, mais próxima da cidade (Manhumirim), cerca de 01 km. de distância. Em 1944, quando Wilma nasceu, já morávamos nesse lugar, uma vila, com cerca de 6 ou 7 casas, a maioria bem simples. A nossa casa era um pouco melhor que as outras. Daí, já a partir dos 5 anos, tenho muitas lembranças dos acontecimentos...

Comentários