1944 - 1945 Início da 2a Grande Guerra
Quando
mudaram para São Pedro, minha mãe esperava a primeira filha, que nasceu
prematura e morreu. Em seguida, ela engravidou de mim, então ocupei o primeiro lugar
dos filhos. Depois nasceu Wilson que, com mais ou menos um ano morreu, já na
Parada Breder. Quando mudamos para a Vila do Ouro, já tinha nascido Wagner (o primeiro), que faleceu um pouco antes de Wilma nascer. Naquela época havia uma
grande mortalidade de crianças, principalmente na região de Manhumirim, mortes
causadas por difteria, varíola e sarampo, além de outros males, pois quase não havia
na época vacinas, nem antibióticos para a maioria destas epidemias.
Após o nascimento de Wilma, mudamos para dentro da cidade de Manhumirim. Meu pai
alugou uma casa, não longe do centro, cujo nome do proprietário era Sr. Romão.
Era relativamente boa, de assoalho e esteios, como a maioria da época. Devido
ao declive do terreno, o assoalho era alto, de modo que havia uma área de
serviço por baixo da casa, com uma escada de acesso à cozinha.Tinha
também um quintal. Tinha também água encanada e luz elétrica e, pela primeira vez,
pude ouvir o rádio de meu pai, que antes estava sempre desligado.
Meu
pai trabalhava no Departamento de Café, órgão ligado à exportação de café, que
era um grande galpão com máquinas de beneficiamento de café, nas quais ele
fazia supervisão e manutenção. Manhumirim era grande produtora e
exportadora de café e lá passava a estrada de ferro da Leopoldina, cujos trens
partiam abarrotados do produto em direção ao Rio.
Nessa
época, meu pai comprou uma casa velha, noutra rua paralela com a que morávamos,
a qual ele praticamente desmanchou e reconstruiu, fazendo algumas mudanças, o
que ficou bem melhor. A nova casa ficou com quatro quartos, duas salas e
cozinha. Tinha um bom quintal, com pés de frutas e uma horta que ele fez.
Passamos
o natal de 1944 na casa anterior, e em 1945 mudamos para uma nova casa.
Em
45 estava acontecendo a 2ª guerra mundial, que começou em 1939. As notícias da
guerra e outras nos chegavam pelo rádio, no “Repórter Esso”, único noticiário
que nós conhecíamos. Não havia televisão, nem telefones (pelo menos no
interior); internet nem imaginação. Telefones só nos grandes centros da época,
como Rio e São Paulo e muito restrito. À noite ficávamos a redor do rádio para
ouvirmos as notícias da guerra e outras mais. O rádio, que não era de boa
qualidade (rádio de válvulas incandescentes), transmitia em ondas curtas,
sintonizado na Rádio Nacional (praticamente a única), com som que não era muito bom,
nos trazia as notícias e alguns programas da época, como o Recruta 23,
Alma do Sertão, o Sombra, etc. Assim ouvíamos notícias sobre a guerra, sobre a movimentação de
Hitler e dos Aliados, em que pé estavam...
A GUERRA
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